Vidreiros de SP realizam vitorioso Congresso Portuguese Share TweetO Congresso do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Vidros do Estado de SP, celebrado com muita discussão, arma os trabalhadores com um plano combativo e classista para o próximo período.Nos dias 24 e 25 de Outubro realizou-se na Praia Grande, na bonita Colônia de Férias do Sindicato, o 6º Congresso dos Vidreiros de São Paulo.Esse Congresso foi um enorme sucesso e deve servir de exemplo para todos os trabalhadores e direções sindicais, em que pese todas as dificuldades para sua preparação, pois ocorreu logo após as eleições sindicais e junto com a abertura da Campanha Salarial, com a nova diretoria ainda não empossada.O comparecimento massivo da base, com mais de 150 delegados eleitos nas diferentes regiões do Estado, e o alto nível das discussões, por dois dias, construíram a necessária unidade, aprovando a Tese 1 como tese guia, que foi emendada a partir do mais amplo debate, fraterno e respeitoso, digno da democracia operária.O Congresso foi aberto com o debate sobre Conjuntura Internacional e Nacional com as falas dos representantes das diferentes correntes que atuam no sindicato: Miranda (Esquerda Marxista), Adi (presidente da CUT-SP - Articulação Sindical), Wagner (CTB) e Emanuel Melato (Intersindical).Em seguida passou-se às discussões sobre a Tese guia, com a aprovação da Tese 1 por mais de 90% dos votos dos presentes. Logo depois foram apresentadas e debatidas as emendas. A Tese elaborada em comum acordo entre os companheiros da Esquerda Marxista, Articulação Sindical e CTB, dentre outras coisas destaca que:“O 6° Congresso dos Vidreiros de São Paulo se realiza numa conjuntura desafiadora para o sindicalismo classista, marcada pela mais séria crise do sistema capitalista internacional (...) resulta das contradições inerentes ao processo de produção e reprodução da sociedade capitalista, agravadas ao longo dos anos pelos déficits da economia estadunidense. A classe trabalhadora não é culpada por ela. Mas é quem mais padece com os seus dramáticos efeitos (...), pelo processo de demissões em massa (...) pelo arrocho dos salários; pela redução e flexibilização dos direitos sociais...”, concluindo que: “O sistema capitalista se transformou num enorme freio para o progresso da humanidade (...).”Com a CUT, unificar as lutas!Mais adiante, avaliando a crise, afirma:“(...) os últimos números indicam que ainda não atingimos o nível de crescimento e produção anteriores à crise (...). Os patrões intensificaram sua ofensiva contra a classe trabalhadora, tentando impor acordos com redução de salários e flexibilização de direitos, além de dispensas arbitrárias que resultaram na destruição de centenas de milhares de postos de trabalho (...). O governo (...) deixa a desejar quando não condiciona o socorro às empresas em dificuldades às contrapartidas sociais, como a manutenção e ampliação do nível de emprego. O Estado Nacional, ainda está subordinado aos interesses dos grandes capitalistas do campo e das cidades.”Ao final da análise de conjuntura, concordando com a emenda originada na iniciativa dos companheiros da Esquerda Marxista em discussões com a Articulação, aprova a seguinte resolução sobre as eleições em 2010:“... a eleição não é o principal terreno da luta sindical e dos trabalhadores. A utilizamos para denunciar os patrões e ampliar nossas forças. A luta sindical é oposta aos interesses dos patrões e, por isso, este Congresso declara que o Sindicato não pode apoiar em 2010, nenhum candidato ou partidos que representem os interesses patronais.”Sobre o governo Serra declara:“... O Sindicato deve apoiar e participar das mobilizações contra as medidas do Governo Serra que está privatizando e sucateando os serviços públicos (...)”Resgatando e reafirmando os princípios de origem da CUT, diz:“... A CUT deve ser o instrumento mobilizador e unificador das lutas da classe operária e do povo trabalhador (...) devemos retomar as lutas unificadas com todos os sindicatos reabrindo a discussão sobre a participação nos fóruns tripartites e sobre os recursos do governo que têm a função de quebrar a independência da CUT e dos sindicatos (...) No início deste ano, a diretoria do Sindicato enviou uma carta à direção nacional da CUT onde propunha a abertura de uma discussão sobre a Greve Geral, contra as demissões, unificando as lutas em curso. Essa discussão ainda não está encerrada (...) A CUT deve realizar um esforço permanente para unificação das lutas em curso. O 6° Congresso mantém o Sindicato dos Vidreiros filiado à CUT (...)”Posicionando-se com firmeza sobre as lutas das fábricas ocupadas diz:“O Sindicato atuará junto com a CUT e a CNQ envidando todos os esforços para pôr fim à intervenção judicial na CIPLA e Interfibra; envidará todo apoio à luta da fábrica ocupada Flaskô, inclusive em sua campanha por uma audiência solicitada ao presidente Lula.”Sem discriminação! Direitos iguais entre a classe trabalhadora!Sobre a questão racial, combatendo pela unidade da classe, o Congresso“(...) reafirma a luta contra toda forma de discriminação por cor de pele, sexo, religiões ou nacionalidades. O Sindicato dos Vidreiros continuará na luta pela igualdade jurídica de todos os trabalhadores(as) e contra as formas que os patrões e os governos encontram para dividir-nos, em especial com o racismo. Posicionamo-nos contra as leis que vêm dividir os trabalhadores e o povo e contra as leis que transferem recursos às empresas que reservam vagas para trabalhadores de pele escura. Pele escura ou pele branca, entre os trabalhadores somos todos iguais e irmãos. Emprego para todos! Direitos iguais entre a classe trabalhadora!”Construir Comissões de Fábrica e a Campanha SalarialAdotando uma posição combativa e classista aprovam ainda que:“A direção do Sindicato está desautorizada a assinar qualquer acordo de banco de horas e redução de salários e direitos. A partir do primeiro semestre de 2010 deve organizar grupos nas principais fábricas da categoria para construir Comissões de Fábricas”.E declara-se da seguinte forma sobre a Marcha convocada pela CUT para 11 de Novembro: “Mandar gente só para Brasília não basta. O Sindicato deve realizar manifestações nas principais fábricas da categoria. Pela redução da jornada, sem redução de salários.”Os companheiros vidreiros aprovaram ainda realizar uma Campanha Salarial reivindicando: 12% de reajuste salarial, manutenção das cláusulas sociais e um plano de mobilização para a Campanha Salarial cuja data base é 1º de Dezembro.Um momento emocionante do Congresso aconteceu logo após a aprovação das resoluções, quando o companheiro Wanderci fez um breve relato da situação da Flaskô (fábrica ocupada e controlada pelos operários) e da campanha solicitando uma Audiência ao presidente Lula. Imediatamente os delegados, com muito entusiasmo, começaram a preencher os postais que serão enviados a Lula, cobrando a Audiência para salvar os empregos.No encerramento, os trabalhadores cantaram o Hino da Internacional.