Solidariedade com a Juventude Comunista Espanhola! Não às expulsões burocráticas!

A 3 de junho de 2023, o Comité Central do Partido Comunista Espanhol (PCE) votou pela expulsão da direção nacional da sua organização juvenil (UJCE). Esta última tinha levantado toda uma série de críticas à deriva social-democrática do partido, e tinha concordado em convocar um congresso especial da organização juvenil para discutir o caminho a seguir. A utilização de medidas administrativas desta natureza representa uma resposta inaceitável e burocrática a questões políticas por parte do Comité Central do PCE. Republicamos a seguinte declaração da seção espanhola da Tendência Marxista Internacional (IMT).

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A Tendência Marxista Internacional (IMT) expressa a sua solidariedade para com os camaradas da direção da União da Juventude Comunista de Espanha (UJCE), que foram burocraticamente expulsos pela maioria do Comité Central do Partido Comunista de Espanha (PCE).

Isto depois de um período em que a direção da UJCE, a secção juvenil do partido, teceu críticas muito duras à direção do PCE pela deriva social-democrata da sua política ao longo dos anos. A UJCE criticou o envolvimento do partido nas decisões políticas do governo do PSOE-UP, que acabou por ceder em todas as questões que dizem respeito aos interesses fundamentais da classe dominante e do aparelho de Estado (reforma laboral, Lei da Mordaça, política habitacional, reforma fiscal, guerra na Ucrânia, etc.). Distanciou-se também do projeto SUMAR de Yolanda Díaz, ao qual o PCE aderiu, e que justamente descreveu como o enésimo projeto social-democrata, e condenado ao fracasso.

Há meses, a direção da UJCE teceu, com toda a razão, uma crítica contundente à teoria das “duas fases” defendida pela direção do PCE na sua defesa da República, segundo a qual separa a palavra de ordem da República da luta pelo socialismo.

Em suma, a direção da UJCE criticou a direção do PCE por se contentar com uma política que se resume a tentar distribuir as migalhas que caem do prato do grande capital. É uma política que abandona completamente qualquer perspectiva de transformação socialista da sociedade.

O IMT partilha desta caracterização da política do PCE, que, infelizmente, conseguiu frustrar milhares de militantes comunistas ao longo dos anos.

Perante isto, em vez de apresentar argumentos políticos, a direção do PCE recorreu a medidas organizativas de repressão interna. Uma verdadeira direção comunista, confiante na sua política e nos seus argumentos, não recorreria às expulsões para “resolver” as diferenças políticas. Isso reflete uma falta de confiança nas suas próprias posições – ainda para mais quando quase metade do Comité Central do PCE se opôs à expulsão destes camaradas. Nesta situação, uma verdadeira direção comunista abriria o debate mais amplo possível dentro do partido, para que os membros como um todo tivessem a última palavra sobre os pontos em disputa.

Não há dúvida sobre o agudo mal-estar que existe em grande parte das bases em relação às políticas da direção do Partido Comunista, agrupada em torno do seu secretário-geral, Enrique Santiago. Podem “resolver” hoje as diferenças políticas com expulsões e exclusões, mas novas diferenças surgirão porque estão enraizadas na política errada da própria direção do PCE. E se o aparelho continuar neste caminho repressivo, só pode levar à destruição do próprio partido. É tempo de os militantes honestos do Partido fazerem soar o alarme e exigirem uma revisão completa dos fundamentos políticos e ideológicos do atual PCE, tão distantes dos seus princípios fundadores.

No final, a deriva social-democrata que conduziu o PCE a esta situação, e que os jovens comunistas tão resolutamente criticaram, não foi por acaso. Embora o PCE tenha conhecido períodos heroicos e inspiradores, a sua história ao longo dos últimos 95 anos está enraizada na degenerescência estalinista e burocrática da ex-URSS e da Internacional Comunista sob Estaline. Esta degenerescência levou à transformação dos partidos comunistas de cada país em agências nacionais da burocracia soviética, certificando a sua degenerescência nacional-reformista, que se expressou repetidamente ao longo de décadas na frustração das energias revolucionárias da classe operária.

Os jovens comunistas devem exigir um balanço sério do passado e estudar muito cuidadosamente esse período histórico, e em particular a Revolução Espanhola da década de 1930. É aí que devemos procurar a raiz da atual deriva social-democrata que ensombra o PCE, partido que desempenhou um papel tão importante na história do movimento operário espanhol.

Por último, encorajamos os jovens comunistas a continuarem a organizar-se e a lutar. Estamos certos de que assim será. Do IMT, estendemos-lhes a mão de solidariedade e apoio, com a certeza de que nos encontrarão a participar lado a lado no processo de contribuição para o desenvolvimento de uma autêntica alternativa comunista no seio da nossa classe.