Nossa posição diante do Congresso Econômico convocado pelo presidente Maduro Portuguese Share TweetNo dia 16 de dezembro de 2015 ocorreu o Congresso Econômico do PSUV que foi convocado pelo presidente Maduro como resultado da Assembleia Extraordinária de delegados e delegadas ao congresso do PSUV ocorrido no dia 10 de dezembro. Esse Congresso Econômico teve por objetivo definir e precisar as retificações e tarefas necessárias para poder derrotar a guerra econômica, que de concreto significa erradicar os níveis atuais de inflação e escassez existentes, que jogaram um papel de primeira ordem na vitória da contrarrevolução ocorrida em 6 de dezembro passado.Nesse sentido, o debate que se desenvolveu no Congresso tem uma importância capital para a Revolução Bolivariana e as decisões que dele surgirão, definirão a possibilidade do triunfo ou derrota da Revolução, no novo cenário da luta que se iniciará em 2016, logo após a posse dos Deputados da MUD. Nós, da Luta de Classes (Corrente Marxista do PSUV) saudamos com entusiasmo a convocação desse congresso pelo presidente Maduro para realizar o necessário aprofundamento do debate sobre o rumo que a Revolução Bolivariana deve tomar em relação à economia.Apesar de apoiarmos a iniciativa do presidente, consideramos que a forma como os debates foram organizados, nos marcos do Congresso Econômico, merece de nossa parte severas críticas do ponto de vista revolucionário.Em vez de um debate público aberto à participação das diversas organizações revolucionárias dos trabalhadores, estudantes, comunidade e outras, o debate foi realizado de maneira fechada na sede da Universidade Nacional Experimental das Artes, e dele participou apenas os palestrantes e convidados cooptados seletivamente pela equipe organizadora do Congresso.O caráter fechado do Congresso Econômico, contribuirá poderosamente para fazer avançar o debate burocratizado, o que favorece claramente a tendência reformista do movimento bolivariano, culpada pelos fracassos econômicos da Revolução Bolivariana e que impõe a linha teórica -programática e controlando a discussão.Isso inevitavelmente levará a que os resultados do Congresso sejam as novas ou diferentes versões das velhas ideias reformistas que foram já aplicadas na revolução durante os últimos dez anos, tais como a proposta de economia mista, que em resumo defende a possibilidade de coexistência entre um setor socialista da economia e um capitalista, cujo fracasso já foi demonstrado de forma categórica e irrefutável pela guerra econômica.Tal é o caso concreto, por exemplo, de alguns economistas participantes na atividade que chegaram a assinalar, de uma forma absurda, que não tem existido realmente uma guerra econômica na Venezuela, posição esta que teve de ser criticada pelo presidente Maduro em sua intervenção na última quinta-feira (dia 17).No entanto, apesar da natureza fechada da discussão, foi relatado em diversos meios de comunicação que os resultados do Congresso serão debatidos nas UBCH e, em geral entre o conjunto da militância revolucionária. No entanto, nós manifestamos que o debate deve ser genuinamente participativo e democrático.Consideramos que o movimento operário e popular, através dos seus vários grupos e organizações, deva ser a entidade política para organizar o debate na base da militância revolucionária para que as decisões e as contribuições do povo trabalhador tenham um carácter realmente efetivo, e as discussões que sejam realizadas não sirvam de fachada, para dar ao Congresso uma roupagem participativa e democrática na tomada de decisões que a liderança do PSUV e do governo realizarão em termos econômicos, como já foi feito antes em inúmeras oportunidades.Por outro lado, é importante notar que existem várias posições divergentes nos debates do Congresso: um setor se orienta para posições mais revolucionárias, outro para posições mais reformistas.Entre as posições mais conservadoras e inclusive reacionárias, estão as de Victor Alvarez, ex-ministro das Indústrias da Revolução, que defende a necessidade de unificação das duas taxas de câmbio atuais para uma taxa única, o que significaria, na prática, uma maior liberalização do controle de câmbio ou mesmo a sua eliminação, o que favoreceria somente a burguesia, e não contribuiria em nada para resolver a situação de guerra econômica que estamos vivendo. O mesmo personagem também levanta a "necessidade" de que a Revolução Bolivariana se oriente em direção ao “socialismo de mercado", inspirado no modelo chinês claramente pró-capitalista.Outros companheiros, como o camarada Tony Boza, argumentam que deve ser mantido o atual tipo de cambio preferencial para as importações do setor de alimentos, medicamentos e outros setores de importância social fundamental. Além disso, este companheiro levanta a necessidade de que seja o poder popular organizado, mobilizado na rua, o que exerça uma política popular de controle de preços para combater o açambarcamento, a especulação, a inflação, e o desabastecimento.Como marxistas do PSUV apoiamos as propostas do companheiro Boza e manifestamos que só com a nacionalização das principais alavancas económicas da nação, ou seja, os bancos, comércio exterior e os monopólios comerciais e industriais, colocando-os em marcha e sob controle dos trabalhadores, com um grande plano nacional de produção e de desenvolvimento das forças produtivas, é que poderemos sair da difícil situação econômica que o país hoje enfrenta.A guerra econômica é, como já explicamos em outras oportunidades, a consequência inevitável de tentar regular o capitalismo, mas o capitalismo é impossível de ser regulado. Enquanto deixarmos as grandes alavancas econômicas do país nas mãos da burguesia, ela as utilizará como armas econômicas contra a revolução.Com a derrota do PSUV nas eleições parlamentares, abre-se um período muito complexo para a Revolução, o que só pode ser superado por uma profunda radicalização à esquerda em matéria econômica.Radicalizar a revolução ou perder a revolução. Este é o debate que está colocado diante de nós hoje.É urgente e necessário que nossos líderes tenham um papel decisivo frente às tarefas não resolvidas da revolução socialista na Venezuela, que leve adiante a revolução até suas últimas consequências. Não fazer isso significa preparar as condições para a derrota definitiva da revolução bolivariana.Translation